Os crimes cometidos por José Tiago Correia Soroka, suspeito de ser serial killer de homens gays, “têm forte significado homofóbico”, segundo aponta um laudo psicológico feito pela polícia. Ele foi preso na manhã deste sábado (29) e, segundo a polícia, assumiu os crimes após a prisão.
Segundo o delegado Tiago Nóbrega, José Tiago Correia Soroka afirmou no interrogatório que agiu de forma consciente e que explicou como matava as vítimas: aplicando um “mata leão”. Todos os alvos tinham o mesmo perfil: jovens gays que moravam sozinhos.
“Ele disse que sempre agia do mesmo modo. Se a vítima reagisse, relutasse, ele a esganava até a morte. A questão da data, dos últimos terem sido praticados às terças feiras, foi uma coincidência, mas que ele tinha sim o objetivo de praticar um crime por semana”, disse o delegado ao G1.
Com a repercussão dos casos, o suspeito afirmou que não conseguia mais marcar os encontros porque a imagem dele ficou conhecida. Apesar dele ter negado a relação dos crimes com a homofobia, os elementos do interrogatório demonstram que os crimes possuem motivação por ódio.
“Deu a entender que mexia com o lado íntimo dele, que mexia com a parte emocional dele, levando sim a entender que ele tem problemas com a questão da homossexualidade”, afirmou o delegado.
O suspeito informou ainda que usava o dinheiro da venda dos pertences das vítimas para comprar drogas, e que buscava mudar de local na tentativa de fugir da polícia.
José Tiago matou o professor universitário Robson Olivino Paim, de 36 anos, morador de Abelardo Luz. Outras duas vítimas do serial killer foram mortas em Curitiba/PR. A prisão de José Tiago ocorreu em uma pensão, em Curitiba, no bairro Capão Raso.
Laudo psicológico descarta doença
O laudo psicológico descreve como José Tiago Correia Soroka cometia os crimes. O suspeito se aproximava das vítimas por meio de aplicativos de conversa e escolhia pessoas que preferiam sigilo.
Ele então se dirigia até os locais marcados preparado para o crime. Após matar as vítimas, segundo informações do laudo, o serial killer recolocava as roupas no cadáver e o deixava sobre a cama, como que para atestar que não houve relação sexual.
“Na sequência, ao sair do apartamento, tranca a porta por fora, mantendo aqueles atos considerados reprováveis por si próprio metaforicamente escondidos, fechados, trancados”, aponta o laudo, conforme informações divulgadas pelo G1 que teve acesso ao documento.
Este comportamento era uma assinatura do serial killer na cena do crime.
Com base nas cenas dos crimes e em depoimentos prestados à polícia, o laudo aponta também que o serial killer não sofre de doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia, e nem estaria com “transtorno de humor em fase maníaca”, em especial pelo fato de que ele estava tentando se esconder da polícia.
As vítimas
Primeiro crime – 16 de abril: Robson Olivino Paim, de 36 anos, foi achado morto por familiares em casa no município de Abelardo Luz. Ele era professor na UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul) e estava cursando doutorado em Geografia na Udesc (Universidade do Estado de SC). O carro dele foi roubado pelo assassino e levado para o Paraná.
Segundo crime – 27 de abril: David Júnior Alves Levisio, de 30 anos, foi achado morto no próprio apartamento em Curitiba/PR. Ele era enfermeiro e estava com as mãos amarradas.
Terceiro crime – 04 de maio: Marco Vinício Bozzana da Fonseca, de 25 anos, foi encontrado com sinais de esganadura em Curitiba. Ele era estudante de medicina.
Por G1 Globo